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13 de junho de 2016

Uma Ode Marítima

O desejo. Com toda a inocência. Anseio.
Tão humana.
A alma até, tua, entregue de bandeja.
Eu, que sempre fora tão minha.
Tu.
A cabeça ia para longe.
Encontrava (no tóxico) um lugar seguro.
Achei que o amor era feito do teu rosto.
Tinhas-me, alma e corpo.

E a cada dia mais, mergulhava.

Uma correspondência à vontade cósmica de me ausentar.
Uma simetria ao meu não pertencer aqui.

E então, afundava.

Depois. A vida acontece.
E,
Como quem teve tudo na mão,
Como quem sabia que não era seu,
Um colapso bonito e triste.
…os melhores são sempre.

E, amor,
quando alguém te tentar mudar,
por favor,
deixa.
Não insistas em ser erro.

Assim. Tempo. A vida a correr entre nós.

E então, 
como quem põe a mão no bolso do casaco
que não usa há muito
deparo-me com os resíduos,
amor,
de um amor que não chegou a ser.
E face a face com os resquícios
de algo que nos pareceu propício,
mas revelou-se precipício,
vais olhar-me e desconhecer-me.
Eu vou ver-te, já esquecido.

Vês como nos tornámos melhores nas mãos de outras pessoas?

Mas, cancela o esquecimento – eu quero lembrar-te!
Lembrar,
para me relembrar,
que o meu lugar não é mais no fundo do mar.
Estou aqui há tanto que já fiz dele morada.
Mas eu não sou mais aquela que afunda…
Agora,
amor,
...agora...
sou a que flutua.


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