expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass' onselectstart='return false'>

20 de novembro de 2015

Here we go

Somos agora um quarto do que fomos. Entregamo-nos a quartos com corpos novos, com roupa caída, nunca deixamos a cama vazia, mantemos a cabeça na fantasia para não enfrentar a realidade vazia onde já não há magia onde um dia tivemos tudo. Embebedo-me em cigarros apagados, fumados à velocidade de te esquecer. Entregas-te a copos pagos a miúdas novas que conduzes para o teu corpo. Tocas-lhes como se fossem eu, mas nunca as beijas da mesma maneira que me olhavas. Tu, meu amor, anoiteces-me e eu nunca sei a letra da canção com que te pareces. Percorro o teu corpo como uma estrada. Há semáforos e sinais, e rugas e montanhas, e cabelos e ondas, e tu és uma paisagem que me cansa os olhos. Tens manchas aqui e ali daquelas que amaste sem retorno, dos dias em que te magoaste sem consolo, das feridas que abriste num sufoco. Os teus pulsos já gritaram um dia por socorro, e tu silenciaste-os com lâminas afiadas, apontadas às tuas próprias extremidades. As avenidas tuas são tão diferentes das minhas ruas, meu amor. Sou muito sol e tu és tanta lua. Mas há sempre uma altura do relógio em que nos cruzamos – só temos um céu de distância. As tuas marcas não me fazem confusão, não tenho pena – apenas fico num dilema entre a curiosidade e o respeito pelo espaço que ocupa a tua escuridão. Quantos metros tem a tua tristeza? Por quantas milhas espalhaste as lágrimas? É assim que nascem oceanos… Onde nadamos, somos felizes e nos afogamos…

Sem comentários:

Enviar um comentário